08. O Deus da vida e da paz

VI – Não matarás | Série: Jesus e os dez mandamentos

Publicado em 20/09/2022 às 00h38

Não matarás. (Êxodo 20:13).


Introdução | Deus criou o homem e concedeu a ele domínio sobre todos os seres vivos (Gn 1:26-28). Porém, esse domínio não se aplica ao ser humano. Um ser humano não tem domínio sobre outro ser humano! Por quê? 

O Deus da vida | Deus nos formou e soprou em nossas narinas o “fôlego da vida” (Gn 2:7). É ele quem nos dá vida e nos sustenta vivos (Jó 33:4). A vida é um bem pessoal intransferível, de valor incalculável, porque Deus criou cada um de nós a sua própria imagem (Gn.9:6; Sl 139:13-16). Nesse mandamento, o Criador exige total soberania sobre a vida de sua criatura. Por que matar?

Um coração corrompido | Caim matou Abel “porque as suas obras eram más” (1Jo 3:12). Neste aspecto, desde a queda, o homem continua o mesmo. Jesus não tinha qualquer ilusão sobre a natureza humana. Ele disse: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus pensamentos“ (Mc.7:21). E então Jesus cita entre outros males o homicídio. Tanto a morte física quanto a morte espiritual começam dentro de nós. A tentação gera o pecado e o pecado gera a morte (Tg.1:14-15). Um homem que distante de Deus é cada vez mais cheio de maldade (Gn 6:5;8:21; 2Tm 3:1-5,13). O que fazer quando o ódio tenta nos dominar? Quando a ira nos consome?

Deus condena a justiça própria | A vingança pertence a Deus (Dt.32:35). Vingança é uma tentativa de justiça motivada pelo ódio, e em última análise, é injustiça. Precisamos deixar nossa sede de justiça nas mãos de Deus, acreditando que diante dEle o mal nunca irá prevalecer e que a Seu tempo será feito justiça. Deus “jamais inocenta o culpado” (Na 1:3). Justiça própria é na essência falta de confiança na justiça de Deus, falta de fé. Mas o que fazer?  Deixar o mal prevalecer?  Se calar diante das injustiças?

Vida em abundância | Jesus rejeita qualquer ato, palavra ou pensamento que prejudique a nossa vida ou do nosso semelhante. Para ele, o ódio, essa fúria interna que vai se multiplicando no coração, é uma forma de homicídio porque motiva a ofensa, o insulto, o desprezo, a calúnia, a desavença, e pode culminar na morte, tanto física como espiritual (Mt 5:21-22). Não é só não matar, mas no extremo inverso, promover a segurança, o bem-estar e santidade da vida. Jesus deseja que tenhamos “vida e vida em abundância” (Jo 10:10b). Nossa ira deve se dirigir sempre contra o pecado e nunca contra o pecador (Rm.1:18). “Irai-vos e não pequeis“ (Ef.4:26). Um coração cheio de ira não terá sua adoração recebida. Deus quer a sua vida antes da sua oferta (Mt 5:23-24). Por isso, por amor a Deus, não use de violência. E dentro do possível, procure viver em paz com todos, procure vencer o mal com o bem (Mt 5:38-42; Rm 12:18-21). Ore por seus inimigos, perdoe-os, e procure amá-los por amor a Cristo (Mt.5:44; 1Pe 3:9). 

Justiça humana | O cidadão cristão, na luta contra o mal pode recorrer às autoridades legais em busca de justiça. Paulo fala que o Estado é agente da justiça, com autoridade dada por Deus, para frear o mal, e inclusive, por isso “traz a espada” (Rm 13:1-4). Jesus reconheceu a autoridade de Pôncio Pilatos (Jo 19:10-11). Paulo, no tribunal na Cesaréia, também reconheceu a autoridade do governador Festo (At.25:11). Uma ideia de que as leis, a força policial, enfim toda forma legal de ameaça e punição, possam frear a maldade do coração humano e impor a ordem, mesmo que de forma parcial e externa. Embora a justiça terrena tenha as suas falhas, ainda assim, aprove a Deus atribuir-lhe esta responsabilidade. Que ela, esperamos, possa garantir um processo legítimo, com direito a ampla defesa e que as punições sejam com equidade, sem excessos (Dt.19:21).


Conclusão | Ore pedindo a Deus que ninguém ou nenhuma lei humana possa nos convencer de que algumas vidas são menos dignas de viver  do que outras. Que nossos valores e princípios possam revelar o caráter do nosso Deus, aquele que tem o poder exclusivo sobre a vida e a morte (Fp.2:15). Que sejamos perdoadores, sem jamais guardar rancor ou buscar vingança. Nos lembrando sempre que Jesus nos perdoou, portanto devemos perdoar por amor a Ele (Cl 3:13). 
 

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